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Ghost Hunt em entrevista: "II é um disco mais negro, mais sujo e mais agressivo"

© Pedro Medeiros
Os Ghost Hunt são um duo electrónico, que se divide entre Lisboa e Coimbra, composto por Pedro Chau, baixista dos The Parkinsons, e Pedro Oliveira, ex-membro do conhecido circuito noise Monomoy e responsável neste projeto pelo trabalho de sintetizador e caixas de ritmo. 

Com origem no ano de 2015, editaram o seu disco de estreia homónimo no ano seguinte pela conimbricence Lux Records e contam no currículo com passagens por festivais como o Reverence Valada, Tremor, entre outros. O segundo disco da dupla intitula-se II e chegou no dia 28 de maio às plataformas digitais com o selo da Lovers & Lollypops. Gravado na Blue House, em Coimbra, e masterizado por João Rui, II tanto nos leva a a experienciar o espaço sideral como nos trás de volta à Alemanha de Leste repetitiva dos 70s, à cena clubbing de Detroit ou aos ritmos alucinantes proporcionados pela Factory Records.

Em entrevista por e-mail, falámos com o duo sobre o novo trabalho, a paixão pela eletrónica de tonalidades mais punk, a situação atual em termos de concertos e ainda sobre sintetizadores. Fiquem com a entrevista completa em baixo.


Em que contexto surge II, o segundo disco dos Ghost Hunt?

Ghost Hunt (GH) - O segundo disco surge porque sentimos que era a altura certa para registar aquilo que andávamos a fazer. Depois de um período de experimentação, achámos que conseguimos concretizar as nossas ideias de uma forma coerente.

Quais são as maiores diferenças que sentem deste disco para o primeiro?

GH - Em comparação com o primeiro, este é um disco mais negro, mais sujo e mais agressivo, com uma vertente mais livre e experimental.

Sendo os dois membros que compõem os Ghost Hunt bastante experientes e com longas carreiras, como é que encararam este desafio de criar todo um novo projeto bastante diferente do vosso background?

GH - O nosso background acaba por ser uma parte muito importante deste projeto, já que a ideia foi sempre usar as nossas referências musicais (e não só) para criar algo que soasse diferente e pessoal.

De onde surgiu a paixão por esta punk eletrónica? Talvez dos discos dos Suicide ou dos Silver Apples? 

GH - Essas duas bandas são bastante influentes e o espírito do punk está sem dúvida presente na nossa música, mas é apenas uma pequena parte de tudo o que nos influencia.

Vocês vão lançar este disco em plena pandemia, numa altura em que a previsão de dar concertos ao vivo é bastante incerta. Este cenário não vos assusta?

GH - O cenário atual é assustador para qualquer pessoa, por motivos óbvios. Enquanto músicos, mais do que medo, sentimos alguma tristeza por não podermos partilhar a experiência de tocarmos estes temas com um público à nossa frente, já que gostamos muito de tocar ao vivo.

Artwork de II
Planeiam assinalar o lançamento do disco de alguma forma especial? Talvez com alguma atuação em livestream?

GH - O lançamento do álbum será assinalado com uma atuação em livestream, a partir do CCOP, no Porto, no próximo dia 5 de junho às 18h30. 

[O bilhete para a apresentação custará 5 € e a lotação da sala será feita de acordo com as regras estabelecidas pelas entidades competentes. Os membros do Clube Lovers & Lollypops terão a opção de assistir ao concerto de forma gratuita. À semelhança do que tem acontecido, a apresentação será transmitida, em sinal aberto, no YouTube da Lovers & Lollypops, com apelo ao donativo consciente. Mais informações aqui].

O single de apresentação deste disco tem como nome “New Ceremony”. Pode esta servir como uma carta de apresentação do que será o futuro da música ao vivo? Novas cerimónias e novos rituais em concertos por parte tanto dos músicos como dos fãs?

GH - É uma ideia interessante. O nome do tema já existia antes de tudo isto acontecer, mas é um exemplo do poder que a música tem de se adaptar às mais diversas circunstâncias da nossa vida. Por isso, depois daquilo que se passa neste momento, é uma nova forma de interpretar este tema.


Em termos instrumentais, é impossível não reparar nas camadas e no tratamento exímio dos sintetizadores. Consideram-se “geeks” ou colecionadores de material musical, nomeadamente dos referidos anteriormente?

GH - Não, de maneira nenhuma. Para nós, o equipamento é sempre secundário, o im portante é a música. Os instrumentos são apenas um meio para chegarmos a um fim.

Se sim, qual é, para vocês, o vosso instrumento mais valioso?

GH - Para nós, o valor do instrumento reside apenas nas possibilidades musicais que nos dá. Como tal, um pequeno teclado Casio pode ser mais inspirador e, como tal, mais valioso que o melhor dos sintetizadores.


No vosso Bandcamp têm um álbum gravado na casa de Jacco Gardner. Se pudessem escolher a casa de um músico qualquer, vivo ou morto, onde é que gostavam de repetir esta experiência?

GH - Não é bem um álbum, foi apenas uma sessão em que gravámos alguns temas ao vivo. Se pudéssemos gravar em casa de um músico à nossa escolha, podia ser o Michael Rother, mas poderíamos referir muitos outros. É uma escolha quase impossível.

Antes de terminar, gostávamos de saber o que é que tem ouvido nos últimos tempos. A quarentena serviu para atualizar a vossa biblioteca musical?

GH - Sim, a quarentena permitiu-nos ter mais algum tempo para ouvir música. Temos ouvido algum Jazz, Soul, Funk, compilações de Indie e eletrónica e projetos mais recentes como Peel Dream Magazine e Mosses.


II está disponível para audição integral no Bandcamp dos Ghost Hunt, podendo ser adquirido em formato digital.



Entrevista por Hugo Geada

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