Ecolalia | Boring Machines | outubro de 2019
8.0/10
A italiana Vivien Le Fay estreou-se em outubro deste ano nas edições de estúdio a solo com Ecolalia, o seu primeiro exercício de eletrónica minimal inspirado em diversos conceitos artísticos e com uma forte componente na exploração de temáticas como a sociologia, dança e fotografia. Vivien Le Fay está há já algum tempo ligada ao mundo da música sendo que no seu currículo estão inseridas diversas experiências ao redor de géneros como a música noise, hardcore ou a new wave ortodoxa. Contudo, foi na exploração da nova geração da eletrónica tecida por sound designers que Vivien Le Fay encontrou (e muito bem) um novo rumo.
A artista multidisciplinar começou por trabalhar como técnica guitarra para bandas sonoras, enquanto aprofundava o seu conhecimento sobre o espectro sonoro com o trabalho em rádios locais. Esses tempos exposta a novos ambientes serviram para afincar ainda mais a sua veia criativa e altamente sensível. Submersa num mundo de composições ecléticas Viven Le Fay começou a afinar também os primeiros traços estruturais do seu novo projeto a solo. Nesta estreia com Ecolalia - termo que significa a repetição não solicitada de vocalizações feitas por outra pessoa - Vivien Le Fay apresenta seis músicas baseadas na sensação específica em que a comunicação é fragmentada e retorna ao seu estágio primitivo, que também é a condição original do caos. Para lhes dar ainda mais entoação e sentimento a artista gravou o disco na floresta que se situa na base do Monte Vesúvio, incorporando uma atmosfera indubitavelmente negra.
Tingido por momentos de suspense e muitas vezes de indefinição de um estado, Ecolalia submerge o ouvinte, grande parte do tempo, a um estado de hipnose altamente imersivo. O disco inicia através de traços minimais e sobreposições de camadas sonoras no tema "Eve", com Vivien Le Fay a mostrar-nos o seu (chamar-lhe-ia) "ouvido absoluto" para a composição, além de todo um retrato de transformação vocal altamente processada a nível eletrónico. Antecipado através da faixa "Ex self", um tema altamente denso com a eletrónica monocórdica a emergir a um estado de ânsia, Ecolalia é um disco amplamente artístico e absolutamente conquistador. Os pormenores mínimos que vão sendo acrescentados ao som base, trazem um conteúdo enriquecido e uma atmosfera envolvente e poderosa que tornam este Ecolalia, de certa forma, um disco aditivo.
Uma das faixas que sobressai nas primeiras edições é "Each point of a thought", um tema que se pode encaixar no panorama da etheral wave, onde vimos uma Vivien Le Fay a vocalizar uma atmosfera altamente sonhadora, sobreposta a um ritmo decadente e um compasso marcado pelos sintetizadores sinistros que lhe vão dando sucessão. Pura magia a acontecer em cerca de cinco minutos de duração. Não dá bem para comparar a música de Vivien Le Fay ao trabalho de artistas específicos pois o seu rigor criativo aporta uma unicidade ímpar. Outro destaque recai ainda sobre a faixa homónima "Ecolalia", que apresenta uma sample vocal sobreposta aos tons da música ancestral. Além disso e, como não poderia deixar de ser numa grande obra, Ecolalia é acrescido por um admirável final com "Elim", uma faixa moribunda tecida na forma de uma excentricidade contida. A multi-instrumentalista italiana arrisca em grande neste disco e tece uma obra que merece definitivamente reconhecimento e aclamação entre os lançamentos do ano.
Uma das faixas que sobressai nas primeiras edições é "Each point of a thought", um tema que se pode encaixar no panorama da etheral wave, onde vimos uma Vivien Le Fay a vocalizar uma atmosfera altamente sonhadora, sobreposta a um ritmo decadente e um compasso marcado pelos sintetizadores sinistros que lhe vão dando sucessão. Pura magia a acontecer em cerca de cinco minutos de duração. Não dá bem para comparar a música de Vivien Le Fay ao trabalho de artistas específicos pois o seu rigor criativo aporta uma unicidade ímpar. Outro destaque recai ainda sobre a faixa homónima "Ecolalia", que apresenta uma sample vocal sobreposta aos tons da música ancestral. Além disso e, como não poderia deixar de ser numa grande obra, Ecolalia é acrescido por um admirável final com "Elim", uma faixa moribunda tecida na forma de uma excentricidade contida. A multi-instrumentalista italiana arrisca em grande neste disco e tece uma obra que merece definitivamente reconhecimento e aclamação entre os lançamentos do ano.
Sempre com a sua essência minimal, encontramos em Ecolalia canções altamente ricas, intensas e com forte exploração a nível da eletrónica. O disco foi gravado em colaboração com Sergio Albano (Amklon) e apresenta um conteúdo altamente desafiador, a aportar sons entrelaçados numa harmonia quase absoluta. Vivien Le Fay estreia-se nesta obra, como muitos artistas gostavam de se estrear: experientes, arrojados, imersivos e acima de tudo, com uma extraordinária maturidade que deixa qualquer ouvinte surpreendido. Ecolalia é definitivamente um disco que não pode ficar de fora dos ouvidos em 2019.
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