Depois das férias voltamos às críticas com análises aos mais recentes trablahos de Ovlov - Tru (Exploding In Sound Records); Greengo - Dabstep (Raging Planet); Nothing - Dance on The Blacktop (Relapse Records); Talk To Her - HOME EP (Shyrec) e Manes - Slow Motion Death Sequence (Debemur Morti Productions). Aproveitem para ler as nossas opiniões e/ou para conhecer estas edições na íntegra, ali abaixo.
9.0/10
Com quase uma década de existência, os Ovlov são um dos casos mais curiosos da cena indie/nu gaze norte-americana. Desde 2009 – ano em que lançaram o EP Crazy Motorcycle Jump – os Ovlov gravaram splits com os Krill e com os LVL UP (banda que recentemente anunciou a sua separação), mudaram várias vezes o seu alinhamento e desmantelaram-se três vezes. Atualmente, os Ovlov são compostos por Steve Hartlett (o núcleo da banda que se divide entre este projeto e os Stove) Theo Hartlett (irmão de Steve), Michael Hammond Jr. a.k.a. "Boner" e Morgan Luzzi. E após o seu reagrupamento, lançaram este verão Tru, o seu mais recente LP, o qual coloca um ponto final do jejum de 5 anos após o lançamento de Am em 2013.
Em termos de sonoridade, os Ovlov encontram-se entre os Dinosaur Jr. da era SST Records, os Built to Spill e os Weezer. Um mistura de shoegaze, lírica intimista e angústia juvenil banhada a ruído, desenhada para nos aquecer por dentro. O álbum arranca com a faixa "Baby Alligator", um dos grandes malhões do ano, sequela de "The Great Alligator" (a música que encerra o Am). "Spright", "Tru Punk" e "Short Morgan" são também, na minha opinião, ponto obrigatório de passagem (várias passagens aliás) quando (re)visitarmos Tru. Subjectividade à parte, quem já conhecia os Ovlov antes de Tru não encontrará nada de novo neste LP. Posto isto, Tru é um álbum coeso e um digno sucessor de Am. E para quem ainda não os conhece, têm aqui a oportunidade de ouvir um dos melhores álbuns deste ano.
Em termos de sonoridade, os Ovlov encontram-se entre os Dinosaur Jr. da era SST Records, os Built to Spill e os Weezer. Um mistura de shoegaze, lírica intimista e angústia juvenil banhada a ruído, desenhada para nos aquecer por dentro. O álbum arranca com a faixa "Baby Alligator", um dos grandes malhões do ano, sequela de "The Great Alligator" (a música que encerra o Am). "Spright", "Tru Punk" e "Short Morgan" são também, na minha opinião, ponto obrigatório de passagem (várias passagens aliás) quando (re)visitarmos Tru. Subjectividade à parte, quem já conhecia os Ovlov antes de Tru não encontrará nada de novo neste LP. Posto isto, Tru é um álbum coeso e um digno sucessor de Am. E para quem ainda não os conhece, têm aqui a oportunidade de ouvir um dos melhores álbuns deste ano.
Edu Silva
7.5/10
Depois de serem uma das maiores surpresas do Sonic Blast Moledo e de terem virado o palco piscina do avesso, eis que os Greengo, duo natural do Porto constituído por Martelo no baixo e Chaka na bateria, lançam o seu EP de estreia Dabstep. Uma sample que convida o ouvinte a experimentar algo que é "absolutely dynamite" e nos atira para o meio de feras como a turbulenta "Heavyman".
"Big Bikes" não é uma cover dos Kyuss mas é uma tour de force do conjunto que não descansa enquanto não nos puser os ouvidos em sangue. A pausa para respirar apenas chega no final de "Red Eyes", faixa que encerra este álbum demolidor. Os instrumentais ao longo dos temas são tão agressivos quanto rápidos e possuem uns vocais assanhados. Uma excelente recomendação para fãs do stoner mais "labajão", na ordem do sludge metal dos Bongzilla ou Weedeater, estão bem servidos com estes tripeiros.
"Big Bikes" não é uma cover dos Kyuss mas é uma tour de force do conjunto que não descansa enquanto não nos puser os ouvidos em sangue. A pausa para respirar apenas chega no final de "Red Eyes", faixa que encerra este álbum demolidor. Os instrumentais ao longo dos temas são tão agressivos quanto rápidos e possuem uns vocais assanhados. Uma excelente recomendação para fãs do stoner mais "labajão", na ordem do sludge metal dos Bongzilla ou Weedeater, estão bem servidos com estes tripeiros.
Hugo Geada
7.0/10
Depois de em 2016 terem arrebatado a crítica com Tired of Tomorrow, os Nothing voltam às edições com Dance On The Blacktop, o seu mais recente LP, lançado via Relapse Records. Nesta altura do campeonato e mesmo com a saída de Nick Bessett e sua substituição por Aaron Heard (o vocalista dos Jesus Piece), os Nothing já aperfeiçoaram a sua fórmula sonora: um misto de punk e shoegaze que agradará a fãs de Jesus and Mary Chain, My Bloody Valentine e Killing Joke, alicerçado em lírica niilista e deprimente, tudo suportado por cativantes performances ao vivo. E eis que, com este disco, encontramos novamente Dominic a.k.a. "Nicky" Palermo numa fase má da sua vida, ao ter-lhe sido diagnosticado uma encefalopatia traumática crónica, em fase inicial de desenvolvimento. Por isso, mais uma vez, o espaço sonoro que os Nothing reclamaram para si próprios é o da depressão e angústia. A faixa "Plastic Migraine" é um confronto direto de Dominic com a sua débil condição – "Bracing for more fatigue / I won’t stand on two feet, or fall / I’ve hit the wall" – enquanto luta para que a sua voz se sobreponha à instrumentação. Em "Zero Day", Nicky reconhece e aceita a sua condição miserável – "Light abandons me / I guess I wasn’t meant to see" – e é enterrado no videoclip que acompanha a música. "The Carpenter’s Son" é uma homenagem ao falecido pai de Palermo, faixa que acaba com Nicky a repetir "Nothing's a surprise".
Dance On The Blacktop não se encontra no mesmo patamar de epicidade que Tired of Tomorrow. É um álbum coeso, mas sabe a pouco. O que é feito daquela banda que nos trouxe peças tais como a descarga de electricidade que é a "Fever Queen" (um dos melhores temas de abertura que já ouvi), a balada "The Dead Are Dumb" e a lindíssima "Tired of Tomorrow", um tema que pisca os olhos ao Jar of Flies dos Alice in Chains. Os Nothing deixaram a fasquia muito alta com Tired of Tomorrow e este álbum soa quase a um retrocesso aos tempos de Guilty of Everything, em que a fórmula era apenas dar corpo à tristeza pela força da instrumentação e das letras. Eu quero ver mais daquela banda que nos mostrou que ainda há beleza neste mundo podre e injusto e creio que depois de Tired of Tomorrow, todos queiramos o mesmo. Quem não conhecer os Nothing e pegue neste Dance On The Blacktop, encontrará aqui motivos para sorrir. Os restantes, peço-vos ansiosamente pelo próximo trabalho, para que também possamos voltar a sorrir na cara da tristeza.
Dance On The Blacktop não se encontra no mesmo patamar de epicidade que Tired of Tomorrow. É um álbum coeso, mas sabe a pouco. O que é feito daquela banda que nos trouxe peças tais como a descarga de electricidade que é a "Fever Queen" (um dos melhores temas de abertura que já ouvi), a balada "The Dead Are Dumb" e a lindíssima "Tired of Tomorrow", um tema que pisca os olhos ao Jar of Flies dos Alice in Chains. Os Nothing deixaram a fasquia muito alta com Tired of Tomorrow e este álbum soa quase a um retrocesso aos tempos de Guilty of Everything, em que a fórmula era apenas dar corpo à tristeza pela força da instrumentação e das letras. Eu quero ver mais daquela banda que nos mostrou que ainda há beleza neste mundo podre e injusto e creio que depois de Tired of Tomorrow, todos queiramos o mesmo. Quem não conhecer os Nothing e pegue neste Dance On The Blacktop, encontrará aqui motivos para sorrir. Os restantes, peço-vos ansiosamente pelo próximo trabalho, para que também possamos voltar a sorrir na cara da tristeza.
Edu Silva
7.0/10
Os Talk To Her formaram-se em 2015, na cidade de Veneto (Itália) e lançaram este ano o seu primeiro EP de estúdio, HOME, que desde março se tem feito escutar bem forte pela sonoridade poderosa e abordagem entusiasta entre o post-punk moderno, o electro rock e uma mão cheia de ritmos que conduz o ouvinte a uma dança desenfreada. O EP de quatro faixas - que se apresenta como uma alegoria para as viagens perpétuas entre o interior e o exterior - foi gravado em julho de 2017 e chegou às prateleiras pelo selo italiano Shyrec (que já editou o trabalho de bandas como Kill Your Boyfriend).
Neste registo de estreia tanto a voz como os sintetizadores de Andrea Visaggio sabem adaptar-se em sonância com as linhas de baixo de Riccardo Massaro, a guitarra tirânica de Stefano Murrone e os ritmos desfaseados da percussão de Francesco Zambon. Com uma duração aproximada a 16 minutos, HOME funciona como uma injeção de adrenalina curtinha que vai entrar nas boas graças de fãs de bandas como Dear Deer, Silent Runers (ouvir a título de exemplo "Nightfall"), os nossos portugueses QUADRA (essencialmente nos ritmos explorados em "Forest") ou até mesmo Interpol (ouvir o tema de encerramento, "Burning"). Um bom pontapé de saída para uma banda que ainda virá a dar que falar.
Neste registo de estreia tanto a voz como os sintetizadores de Andrea Visaggio sabem adaptar-se em sonância com as linhas de baixo de Riccardo Massaro, a guitarra tirânica de Stefano Murrone e os ritmos desfaseados da percussão de Francesco Zambon. Com uma duração aproximada a 16 minutos, HOME funciona como uma injeção de adrenalina curtinha que vai entrar nas boas graças de fãs de bandas como Dear Deer, Silent Runers (ouvir a título de exemplo "Nightfall"), os nossos portugueses QUADRA (essencialmente nos ritmos explorados em "Forest") ou até mesmo Interpol (ouvir o tema de encerramento, "Burning"). Um bom pontapé de saída para uma banda que ainda virá a dar que falar.
Sónia Felizardo
Slow Motion Death Sequence // Debemur Morti Productions // agosto de 2018
7.5/10
Os noruegueses Manes sedimentam o seu papel enquanto autênticos transfiguradores praticamente desde que entraram no mundo da música - com estreia discográfica em 1999 (Under ein blodraud maane) no mundo do black metal, passaram pelo trip-hop e rock alternativo até chegarem a Slow Motion Death Sequence, álbum editado este ano pela Debemur Morti Productions, que acaba por conter um bom bocado do passado da banda. Apesar deste percurso por géneros nos remeter para grupos como Ulver, é fácil perceber o quão bem Manes triunfam neste aspecto - Slow Motion Death Sequence é uma combinação de trip-hop e metal alternativo com laivos de glitch que acaba por remeter, a nível instrumental, para alguns trabalhos do também camaleónico Devin Townsend (Deconstruction e Transcendence seriam óbvios, se esquecermos os esquemas operáticos), e dos igualmente "indecisos" da cena black metal/experimental norueguesa Solefald. As vocais desesperadas de Tor-Helge Cern Skei contribuem com uma certa inquietação para o setting quasi-pop de todo o disco e complementam temas mais penetrantes e obscuros como "Poison Enough for Everyone". No geral, Slow Motion Death Sequence torna-se facilmente num álbum de 2018 obrigatório para fãs de rock/metal alternativo com uma sensibilidade pop formal do normal e inesperada.
José Guilherme de Almeida
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