No passado sábado, 23 de setembro, fomos até ao Hard Club, Porto assistir à segunda edição do mini-festival Post-Punk Strikes Back Again que este ano prendava o cartaz com as estreia dos belgas Charnier, a presença dos portugueses Ghost Hunt, o regresso dos franceses Tisiphone, do inglês M!R!M, dos argentinos Mueran Humanos e a fechar o certame, também de regresso, os alemães Bleib Modern, que avance-se já deram um concerto enorme. Como expectado, foi um fim de tarde e dia muito recompensadores para os que marcaram presença no evento, partilhando sorrisos, experiências e fazendo novos amigos. Mais um evento de luxo agenciado pela enorme promotora At The Rollercoaster/MIMO.
CHARNIER
Com início marcado para as 18h00, a segunda edição do Post-Punk Strikes Back Again arrancou mesmo a tempo, com os belgas Charnier a estrearem o palco e a pisar território português pela primeira vez. Com EP novo na manga – o homónimo Charnier (2017) -, a banda aproveitou essencialmente para apresentar em território português novos singles, tendo aberto o concerto com "Almost a Silence", que logo chamou a atenção aos mais distraídos. Em formato quarteto e com um total de sete músicas na setlist – cinco das quais novíssimas -, a banda deu um espetáculo competente para o público mais curioso que chegou a horas à sala 2 do Hard Club, Porto (
GHOST HUNT
A representar Portugal neste mini-festival de celebração da música post-punk, os Ghost Hunt subiram a palco por volta das 18h55, tal como previsto. A abrir concerto com "Under Ways", estava ali aberto o período para a diversão total. A música dos Ghost Hunt é feita pela sobreposição de sintetizadores, incorporando no seu todo elementos do post-punk (com um baixo propulsante e feroz), krautrock e um quê de techno, que não deixam qualquer um indiferente. A aterrar no ambiente do disco de estreia homónimo, a dupla composta por Pedro Chau (The Parkinsons) e Pedro Oliveira (ex-Monomoy/Blarmino) começa por fazer eclodir "Red Zone" e o público agradece dançando. Pausa para pedir uma água e passamos a entrar em territórios densos onde se ouvem "Electric Fields", "Games" e "Shallow End". Apesar das pausas um pouco estendidas entre cada canção (
TISIPHONE
Os Tisiphone eram uma das grandes apostas desta segunda edição do Post-Punk Strikes Back Again. A regressar ao país um ano após a sua estreia no festival MONITOR, traziam na bagagem o seu disco de estreia homónimo, que tem vindo a destacar-se como uma surpresa no mercado da música underground. Os Tisiphone têm uma peculiaridade incrível em palco, a vocalista Clara toca de pé, numa bateria desprovida de bombo (que é tocado pela baixista Suzanne) e do hi-hat (tocado pelo guitarrista Léonard). A subir a palco pelas 19h50, os Tisiphone abrem palco com "Where Are You", prontos para arrecadar sorrisos incontáveis e palmas frutíferas entre o público presente na sala. Apesar de terem tempo limitado para tocarem, todos os que assistiram ao concerto dos Tisiphone sentiram-se extremamente recompensados. A banda apresentava na Invicta singles “Blind”, “Spiritual Object” e ainda os mais antigos “Looking Down”, “Empty Streets” e “Black Velvet” – esta última a arrecadar um êxtase compartilhado entre todos os expectadores (
M!R!M
De regresso a Portugal, depois das passagens por Leiria e Lisboa, M!R!M - projeto a solo do engenheiro de som Jack Milwaukee - estreava-se pela primeira vez na Invicta. A apresentar o mais recente disco de estúdio, Iuvenis (2017), e acompanhado por Jerro Sabaii nos sintetizadores e percussão, a dupla subiu a palco por volta das 22h15. Abrindo o concerto com "Crast" começou logo a instalar-se uma atmosfera fofinha no Hard Club. Apesar da distorção excessiva (já característica do trabalho em estúdio) que se fez sentir na abertura do concerto, com o volver da performance o som foi tornando-se gradualmente mais apelativo. A interação com o público foi certeira e sempre com um "obrigado" a chegar nos momentos certos. Ouviram-se singles como "Broken Hearts Club", "Matilde", "Avoid", "Grand Duchy Of Tuscany" e "To You My Bliss", sendo o primeiro concerto do festival a fazer acompanhar-se de projeções, que embora pouco notórias (pelo facto da “tela” serem as cortinas pretas), foram relevantes para acrescentar algo novo ao que até então tínhamos assistido. M!R!M foi uma surpresa boa para aqueles que os viam ao vivo pela primeira vez ali no Porto. De regresso a Iuvenis, Jack Milwaukee despediu-se do público português dizendo que tinham merchandise disponível para venda à saída da sala e que nós (público) fomos uns fofos. (
MUERAN HUMANOS
Os Mueran Humanos eram um dos nomes mais chamativos deste Post-Punk Strikes Back Again. A regressar ao país depois da passagem pelo warm-up do NOS Primavera Sound, a dupla argentina (atualmente sediada na Alemanha) trazia novos singles para apresentar em primeira mão, além do seu mais recente disco de estúdio, o homónimo Mueran Humanos (2014). A subirem a palco pelas 23h10, Carmen Burguess (voz, caixas de ritmos, sintetizadores) e Tomas Nochteff (voz, baixo, tambores) fizeram ecoar na sala mais pequena do Hard Club o novíssimo single "Vestido", a integrar o próximo disco da banda, que segue ainda sem data anunciada. Além do referido tema, o público portuense pôde ainda ouvir "Guardián de Piedra" e "Detrás de una Flor" em primeira mão, aproveitando para dançar ao som dos sintetizadores. O concerto dos Mueran Humanos foi, contudo, um concerto que dividiu opiniões relativamente ao seu resultado final. Mesmo que a pouca interação com o público não tenha sido relevante para a avaliação final, ficou uma sensação de que em estúdio os Mueran Humanos conseguem cativar mais que ao vivo. Não foi um concerto mau, de longe, mas (pessoalmente) faltou ali qualquer coisa para ser um espetáculo tão cativante como o esperado à priori. A fechar concerto com "Espejo en la Nada", os Mueran Humanos despediram-se do público português com um "Buenas Noches". O concerto finalizou por volta das 23h50. Por ouvir ficou o enorme "Corazón Double".
BLEIB MODERN
Os alemães Bleib Modern foram o único nome a repetir a estadia no mini-festival. (
A segunda edição do Post-Punk Strikes Again voltou a sublinhar o profissionalismo, simpatia e eficácia da promotora independente At The Rollercoaster que nos últimos anos tem trazido excelentes projetos e concertos a solo nacional, continuando a oferecer a um público de nicho experiências únicas. Foi uma edição excelente, com projetos dentro da mesma onda musical, mas díspares entre si, que garantiram uma miscelânea de sensações e, obviamente, um dia muito bem passado no Porto. Uma iniciativa de louvar.
A Fotogaleria completa do evento pode ser vista aqui.
Um agradecimento especial aos Tisiphone que se disponibilizaram para uma entrevista pessoal (a ser publicada aqui em breve) e um agradecimento do tamanho do mundo à At The Rollercoaster que nos recebe sempre tão bem a cada evento.
Texto: Sónia Felizardo
Fotografia: Virgílio Santos
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